Um chamado para a justiça social

Woodstock foi um evento, um concerto. Ele também foi uma experiência que capturou as orações e desejos de uma geração. Foi uma semente – finita, resumida, plena de potencial e pronta para crescer – uma oração para algo diferente. Milhões de pessoas queriam algo além da mentira, da guerra,  da desconfiança e do preconceito. Estávamos vivenciando muitos assassinatos, estávamos sofrendo com a guerra. Grandes interesses vigentes pareciam negar o que era mais vivo, sutil e essencial para ser um humano investido de criatividade e liberdade.

Woodstock foi uma voz comum para a liberdade social e espiritual. Se enxergar Woodstock apenas com um concerto, perderá sua significância. O que aconteceu nos anos em torno de Woodstock é melhor visto com o coração. A voz de  Richie Havens foi ouvida claramente no número de abertura  e espontaneamente empurrou nossos corações com sua canção. Liberdade. Esta semente, uma vez plantada, continuará.  Foi perfeito ele abrir o concerto, o tópico ser a liberdade, a energia ser a coragem, o tom ser a bondade e o compromisso ser uma escolha para um novo caminho no futuro.

O momento, cosmicamente direcionado ou não, trouxe todas as energias unidas para dar um significado à possibilidade de uma profunda mudança. Esta possibilidade foi tão tangível e real que assustou os interesses vigentes – militares, corporativos e sociais.—e isso acontece até hoje. Nos anos que se seguiram a Woodstock, vimos grande perseguição e o sonho foi adiado para a próxima geração realizar ou não.

A geração Woodstock queria trazer novas experiências e mudanças sociais radicais. E como os efeitos de um grande terremoto, continuou a sacudir (e formatar) a maneira que pensamos sobre a espiritualidade , como nos conectamos com ela e a expressamos e como sermos uma única humanidade. Em 2009, no 40o aniversário de Woodstock uma celebração foi planejada, mas não aconteceu. Woodstock e o despertar do espírito humano, não precisava mais disso. O desejo para conectar e elevar está em todo o lugar, vivo em nossa sadhana (prática espiritual diária) e em nossa consciência. Está agora nas mãos de cada pessoa conectar, agir e apoiar as organizações que expressam consciência.

Woodstock, através da visão e das palavras de Yogi Bhajan, nos dá uma visão única do que é importante e uma visão clara da nação Woodstock e o que ela significa. Em 1972, enquanto construíamos o acampamento do Solstício em Mendocino, na Califórnia, ele anunciou que ele veio como “pai da Nação Woodstock” para nos transformar na “Steelstock Nation.(Nação de Aço)” Para ele, Woodstock foi um clamor da dignidade, independência, compreensão, coragem e paz. A necessidade estava lá. A oração estava lá. A capacidade de sacrifício para enfrentar a grande oposição e a inércia da ignorância e dos interesses vigentes, estava lá.

Tudo o que estava falatando era como fazer isso e ele nos trouxe os ensinamentos, dizendo que não queria estudantes, mas sim professores. Ele queria que cada pessoa amasse seu Ser, estivesse diante de sua consciência e aprendesse como se comprometer e se sacrificar. No ano seguinte a Woodstock, ele anunciou que professores deveriam ser enviados a todas as partes do mundo, os chamando de pérolas de um mala Aquariano que elevariam e serviriam essa nova consciência.

Refletindo sobre o impacto e o significado da “Nação Woodstock”, Yogi Bhajan comentou:

“Vinte milhões de jovens na América se revoltaram. Dezenove milhões se perderam nas drogas, depressão ou foram politicamente oprimidos ou rejeitados. Um milhão sobreviveu e mudou a consciência da América. Hoje, você vai a qualquer lugar: ó Yogi Bhajan eu o encontrei em 1971, você estava conosco.”. Agora eles têm bons trabalhos, eles correm os Estados Unidos,. A evolução ou revolução que veio para esse país não foi pouca .Dezenove milhões darem suas vidas para trazer consciência não é pouca coisa. A Nação Woodstock despertou, trouxe em si mesmo o reconhecimento do Ser e não reagiu à direção social e à falta de consciência. Esse despertar e sacrifício em face da oposição criaram um equilíbrio. E sem sacrifício pessoal, nenhum equilíbrio pode ser criado.” © 1991

The Teachings of Yogi Bhajan

Vimos a necessidade e a emergência da consciência de grupo: para garantir a consciência individual e servir o coração, permitindo a cada pessoa experimentar a plenitude da consciência Universal. Ele nos aconselhou a não repetir os erros do poder, da política e religião que fizeram nascer a Nação Woodstock. Precisamos de uma nova abertura e integridade para ter sucesso e excelência no mundo global Aquariano. De algum modo, a semente chamada Woodstock, foi o potencial para uma nova consciência, uma transformação social, globalização de nosso planeta e um despertar da dignidade individual.

“Nós criamos uma identidade unificada e coletiva. Isso não é usual – é um pequeno milagre. Perguntaram a Guru Gobind Singh, o 10o Guru e Mestre Yogi , no final dos anos 1600: “qual era o maior milagre na Terra? Ele disse: Jamat kaaraamaat – a força coletiva é o maior milagre. Algumas pessoas são muito tímidas e não querem falar com ninguém. Elas querem viver sua própria vida da maneira que imaginam e desejam. Na verdade, elas estão se destruindo. Há um único termo – sangat –  e saadh sangat e sua tradução exata ou literal é ‘uma identidade grupal e coletiva de pessoas disciplinadas.’

“Veja o que estamos tentando. Você chama isso dharma, não não é. Estamos tentando estar juntos, estar juntos para uma compreensão. A diferença é a disciplina, o compromisso para virmos juntos com as seguintes orientações: ‘Que o eterno sol te ilumine, que o amor te rodeie e a tua luz pura interior, guie teu caminho.”

“Quando estamos juntos sentimos que podemos guiar nosso caminho. O meu e o seu caminho são já conhecidos, então não temos necessidade de aprender qual seria. Cada um de nós sabe qual é o meu caminho e o seu caminho. Todos temos que aprender  qual é o nosso caminho..” © 1984 The Teachings of Yogi Bhajan

Essa era a visão dele , que dividiu com a Nação Woodstock, que eles poderiam alcançar com sua própria força. Nós, os herdeiros da Nação Woodstock, somos pessoas de dignidade, que atuamos com bondade, amamos desafios, nos deleitamos com o espírito e assumimos como um valor primário a habilidade de ver a realidade de Deus em cada pessoa. Estar juntos. Confiar primeiro. Comprometer-se primeiro. Não odiar ninguém. Praticar amar a si mesmo para aprender a viver com autorrespeito. Nenhuma filosofia, religião ou crença são necessárias. Viva de forma prática, viva a verdade que vem com cada respiração.

O mantra de Woodstock:  Ang Sang Wahe GuruTudo que está na criação tem sua própria essência e som, seu mantra. O mantra para Woodstock foi  Ang Sang Wahe Guru. Ang é uma parte ou parte elementar. Sang é tudo ou todos. Ang Sang é quando a polaridade de Ang/masculino e  Sang/feminino se combinam para que cada parte se conecte com todas as partes. Essa combinação de som e projeção intuitiva, comunicativa e  sensível é a abertura convidativa para experimentar Wahe Guru—a sabedoria infinita e presença da realidade. Ang Sang Wahe Guru é experimentar o êxtase de todas as partes, o finito e o infinito juntos em criatividade e compreensão efetivas.

Logo depois de Woodstock, Yogi Bhajan nos ensinou a cantar esse mantra conscientemente. Olhe para a ponta do nariz. Primeiro observe a lingua, a boca e os reflexos que acompanham o canto consciente. Então, conecte os sons falados com o Ponto do Umbigo. Fale cada som com a energia do umbigo ativada. Depois, quando a energia é construída e o canal da coluna se abre, vibre todo tempo e Espaço a partir desse canal central. Funda-se dentro desse pulso infinito e deixe que a estrutura inata do som, o naad, eleve sua Kundalini, dissolva seu ego e seus medos e o coloque na claridade e êxtase do Único de Tudo.© The

Teachings of Yogi Bhajan

Photo: The photo above was taken at the West Palm Beach, Florida Pop Festival in 1969. Yogi Bhajan was not at Woodstock, but some of his students taught Kundalini Yoga there.

Gurucharan Singh Khalsa, Ph.D., is the Director of Training for the Kundalini Research Institute. Author, psychotherapist, and researcher, he has collaborated on original research on the cognitive and physiological impact of meditation.