Estamos atravessando um período delicado de nossa existência terrena. Em Kundalini Yoga aprendemos que essa é uma macro transição de Eras – da Era de Peixes para a Era de Aquário – porém, é também uma transição muitas vezes silenciosa, que se dá no íntimo de cada um de nós.
A vida é um jogo de forças, algumas compreendidas, outras completamente desconhecidas e nós estamos sujeitos a elas de modo mais ou menos intenso, dependendo de fatores internos e externos. Isso é muito particular, mas acaba nos afetando e interferindo em nossos projetos e relacionamentos.
Uma maneira de denominar essas forças que exercem pressão em nós é chama-las de estresse. O estresse, em si, não é algo ruim e, inclusive, é necessário como uma força propulsora, que nos tira da zona de conforto e nos faz ser produtivos. O problema está na capacidade que temos de absorver essas forças, aproveitar o impulso, surfar nas ondas do desafio, mas depois conseguir ter uma mesma resposta de relaxamento em igual intensidade, coisa que está se tornando difícil.
O estresse causa uma série de alterações em nosso corpo e biorritmo, reações muito elementares e primitivas, relacionadas ainda aos nossos antepassados e aos nossos instintos. No entanto, devido a complexidade da nossa mente e de nossa própria condição humana, o estresse mal administrado também leva a crises profundas, doenças físicas e síndromes de tratamento difícil, que podem desencadear a depressão e a própria morte.
Muito tem se falado sobre o estresse e suas consequências em nossas vidas, incluindo o mercado de trabalho, e uma tendência é buscar maneiras de lidar com ele de uma forma mais inteligente. Para isso, algumas medidas e mudanças no estilo de vida são necessárias, e o Kundalini Yoga como ensinado por Yogi Bhajan nos apresenta ferramentas e tecnologias fantásticas que nos ajudam a administrar a estresse com respostas de relaxamento altamente eficazes. Um dos segredos dessa prática milenar é, justamente, trazer a tona a vitalidade inerente a cada ser humano, para que essa vitalidade seja um equilíbrio na equação de forças da vida (alostase).
Propomos essa série de textos baseados nos aprendizados do módulo de Nível II – Vitalidade e Estresse – da Formação de Professores Aquarianos em Kundalini Yoga como ensinado por Yogi Bhajan. A ideia é facilitar o acesso a essas informações para professores e alunos e, assim, contribuir para mais pessoas possam melhor administrar o estresse e conduzir transformações significativas em suas vidas.
Vamos começar abordando um conceito importante e fundamental nesse jogo de forças da vida que é o estresse básico ou elementar. Esse conceito apresentado por Yogi Bhajan em inúmeras conferências é, justamente, uma força que nos interpela desde a primeira infância e nos acompanha por toda a vida, em diferentes graus e intensidade. O estresse elementar é a força que atua para nos identificar e nos personificar, ligada a parte mais primitiva e ancestral de nossa existência humana, remetendo ao “animal” em nós. Essa força atua juntamente com o ego para que tenhamos a capacidade de nos afirmar enquanto sujeitos no mundo, com desejos e vontades inerentes à biologia, mas também aos valores mais básicos de sobrevivência.
Nas relações humanas do dia a dia, o estresse elementar é experimentado nos conflitos mais inconscientes que geram hábitos difíceis de serem administrados. Ele irá nos mover para nossas necessidades básicas de atenção, afeto e conforto. Isso envolve querer a aceitação pelo outro de nossos desejos e vontades e, para isso, muitas vezes acabamos por mascarar nossas relações conosco mesmos e com os outros. O que acompanha o estresse elementar é a dor e a frustração, caracterizadas por hábitos não saudáveis, como o abuso das “comidas conforto” (gorduras, açúcar e carboidratos simples), uso de drogas, álcool, tabaco e demais substâncias, na tentativa de anestesiar a consciência. Outra resposta ao estresse elementar é passar horas e horas em frente à televisão ou serviços de streaming (séries e filmes), redes sociais, pornografia, etc, desperdiçando o tempo da vida em situações pouco ou nada produtivas.
Ou seja, o estresse elementar é a parcela de dor que todos nós carregamos na vida por burlar ou esquecer a nossa Verdadeira Identidade. E qual é a nossa Verdadeira Identidade? Nossa Unidade com Deus, com a Criação, com o Universo. Nossa identidade que não está sujeita ao tempo e ao espaço, a Alma. Esse estresse elementar gera insegurança e nos impede de agir em muitos casos. A tendência é abandonar as coisas ao invés de enfrenta-las. A linguagem corporal pode aliviar o estresse elementar (Kriya) – ritmo, música. Felicidade está na proporção de quão pouco estresse elementar temos. Com estresse elementar nunca podemos estar satisfeitos. A definição final de Yogui Bhajan: é a corrupção de que Deus lhes deu o presente da vida e não conseguem sentir isso.
Como vimos, para combater o estresse elementar precisamos nos mover do estado de letargia (tamas) e inconsciência para um estado de vitalidade e consciência de nossa plenitude em relação ao Infinito em nós. Como fazer isso? Praticar Kundalini Yoga é uma resposta mais do que óbvia! A prática diária das séries e meditações, acrescidas da parte devocional, nos prepara para enfrentar os desafios da vida de modo elegante, com graça e coragem.
Prática: Respiração para a Vitalidade
E que tal começar agora? Pratique a respiração de 4 segmentos para a Vitalidade. Inspire em quatro partes iguais pelo nariz, como se tomasse quatro goles de ar e exale também em 4 segmentos pelo nariz. O ritmo é de lento para moderado. Você pode marcar o tempo mentalmente com o mantra SA TA NA MA. Os olhos podem estar quase fechamos focando a ponta do nariz ou fechados focando o ponto entre as sobrancelhas. Comece com 3 minutos para um breve momento de regeneração, ou faça de 11 minutos como uma prática meditativa para a consolidação da Linha do Arco.
Sat Nam!
Copyright [AKYM BR] – Associação Nacional de Professores de Kundalini Yoga.